Quando a mania é patológica — diferente de um simples capricho adquirido por fatores pessoais ou culturais —, ela se manifesta como um comportamento repetitivo, que causa incômodo ao indivíduo e aos outros. De acordo com o psicólogo Paulo Roberto Abreu, do Instituto de Análise do Comportamento de Curitiba, o problema costuma estar ligado à ansiedade ou ao medo de que algo ruim aconteça caso aquela atitude não seja ritualizada.
— A pessoa pensa que, se não lavar as mãos várias vezes, vai pegar alguma doença. Então, se ela não tiver aquela mania, o grau de sofrimento é enorme — explica Abreu.
Estudos mostram que cerca de 5% da população sofrem de TOC. A origem da doença está relacionada a genética, a mecanismos bioquímicos (de deficiência de serotonina, neurotransmissor ligado ao bem-estar) e a aspectos ambientais — como ser criado num ambiente marcado por frieza e cobrança excessiva. Segundo a psiquiatra Katia Mecler, coordenadora do Departamento de Ética e Psiquiatria Legal da Associação Brasileira de Psiquiatria, em geral, é difícil para quem desenvolve alguma mania reconhecer que tem o problema.
— A pessoa entra no comportamento automático e acha que as coisas são mesmo daquele jeito — diz.
O tratamento do TOC — que leva à cura quando bem orientado — é feito com terapia comportamental e medicamentos (em alguns casos).
Sem razão aparente
Manias podem aparecer em qualquer fase da vida (até em crianças), sem razão aparente. Em alguns casos, elas surgem ligadas a situações de estresse, como desemprego, falência ou separação conjugal, destaca o psiquiatra Marcio Versiani, professor titular de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Fatores de risco
Pessoas muito meticulosas, inflexíveis e perfeccionistas têm mais tendência a desenvolver manias.
Mais comuns
As manias mais frequentes são de limpeza e checagem (quando é preciso verificar a mesma coisa várias vezes).
Crianças
Nos pequenos, em geral, é mais difícil diagnosticar a mania. “Os pais acham que é uma coisa boba, que vai passar”, afirma Versiani.
Papel da família
Não rotular a mania de loucura e ter compreensão com quem sofre do problema é fundamental. “Se a pessoa se sente acolhida, ela tem mais propensão a se tratar”, ressalta Katia Mecler.
Nenhum comentário:
Postar um comentário