domingo, 11 de janeiro de 2015

Depilação em pele com acne: restrições e alternativas

Cortes provocados por lâminas aumentam riscos de infecções e cicatrizes que necessitam de cirurgia; laser é o método mais indicado

 

Áreas com feridas não devem ser submetidas a tratamentos de remoção de pelo (Foto: Getty Images)
Quem sofre com acne sabe das dificuldades na hora da depilação. Sem paciência, principalmente os adolescentes, apelam ao método mais rápido para se livrar de dois incômodos provocados pela alteração hormonal nesta idade: as espinhas e os pelos. Isso, claro, sem saber os riscos que enfrentam quando decidem encarar a lâmina. Inflamações, manchas e cicatrizes podem marcar o rosto durante toda a vida. Para evitar complicações, algumas restrições devem ser respeitadas.

Segundo alerta da médica Flávia Ravelli, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, há algumas advertências na hora de depilar as regiões com acne. Dependendo da gravidade da inflamação, o recomendado é suspender a depilação. Sim, por pior que seja conviver com uma barba cheia de falhas, o mais indicado é não maltratar a pele. “As áreas com muitas lesões ou feridas não devem ser submetidas a tratamentos de remoção de pelo, com lâmina, cera ou laser”.

Uma orientação ignorada pelo estudante Rafael Medeiros, que aos 15 anos começou a passar a lâmina no rosto cheio de espinhas. Agora, com 17 anos, ele se submete a tratamento para eliminar manchas e cicatrizes da face. “É uma idade difícil de controlar. Na ansiedade se livrar das espinhas, ele acabava cortando demais o rosto. Agora, temos de ter calma para tentar reverter a situação”, conta a mãe, Cícera dos Santos Medeiros.

A impaciência para tratar a pele com acne na adolescência pode gerar sérios problemas na vida adulta. Além das cicatrizes, muitas vezes formando as chamadas queloides (lesões salientes e avermelhadas), e das manchas escuras e difíceis de tratar, passar a lâmina na região com espinhas ou foliculite (inflamação do folículo capilar) pode provocar feridas abertas que infeccionam facilmente, abrindo caminho para várias doenças.

“A pele infeccionada pode gerar abscessos (acumulo de pus causado por infecção bacteriana) e celulite (infecção muito grave da gordura da pele) que, em alguns casos, necessitam de tratamento cirúrgico”, reforça a dermatologista.

Cirurgia ainda não é o caso do adolescente Rafael que está tratando a pele com produtos manipulados e suspendeu o uso da lâmina temporariamente. Tudo para evitar as feridas abertas que, segundo a médica, “também são porta de entrada para vírus como o herpes e outros fungos”.

O método mais indicado
As pessoas que possuem acne sofrem com a chamada síndrome da oclusão folicular, explica Flávia Ravelli. Segundo a especialista, este tipo de pele apresenta excesso de células mortas ao redor do pelo que dificultam a saída do sebo produzido. “Isso faz com que ele fique retido na pele, inflame e seja colonizado por bactérias, formando a acne”, esclarece.





O método de depilação mais indicado para quem convive com a acne ou foliculite é o laser, que reduz drasticamente a quantidade de pelos no corpo. De acordo com a médica, a ausência dos pelos impede a inflamação da unidade pilo-sebácea (pelo e glândula sebácea).

Mas antes de se submeter ao procedimento é preciso passar por avaliação de um profissional. “Se feito, deve ser orientado e acompanhado por um médico para diagnosticar precocemente e tratar adequadamente as possíveis complicações”, recomenda a dermatologista.

Como tratar a acne
A acne é mais comum no rosto, tronco e dorso, porém, a foliculite, que possui mecanismo de formação semelhantes ao da espinha, também é comum em regiões como muito pelo, como axila, virilha e nádega. O tratamento para ambos os tipos de infecções depende da gravidade.

“No caso da acne não utilizamos sabonetes que controlam a oleosidade, esfoliantes para remover as células mortas que se acumulam ao redor do pelo e agentes que reduzem a secreção sebácea e aumentam a ‘troca da pele’, a renovação celular”, explica a especialista. Há casos específicos que necessitam de substâncias que agem contra a bactéria que infecta o pelo, como antibióticos tanto de uso tópico quanto sistêmico.

Um alerta importante às mulheres com acne grave: “elas podem necessitar de investigação hormonal”, aponta a médica. “Em alguns casos, o uso de contraceptivos orais auxilia no controle da acne”. Independentemente da gravidade ou da área mais afetada pela acne, é importante procurar um profissional para indicar o tratamento mais adequado. Só assim será possível sofrer menos com o processo de depilação.

 

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